Transição energética é interesse estratégico comum
- Redação Energia em Pauta

- 24 de abr.
- 3 min de leitura
Recuo dos EUA em relação aos compromissos climáticos aumenta o protagonismo de Brasil e China na COP30
Por Carlos Vasconcellos, Em Valor Econômico
A transição energética, em especial os desafios da energia renovável, foi o tema do terceiro painel do “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, realizado hoje em Xangai. Presente ao debate, o ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, observou que não há solução climática possível sem o multilateralismo.
— A COP30 será uma chance de vincular a sustentabilidade ao aspecto social e de mostrar a importância de valorizar os ativos naturais da energia renovável e da biodiversidade dentro da economia verde — disse.
Para Liu Dehua, diretor-executivo do Centro de Energia China-Brasil, da Universidade Tsinghua, com a saída dos Estados Unidos dos compromissos de combate às mudanças climáticas, a China e o Brasil passam a ser os dois países mais importantes nesse processo.
— E temos muitas oportunidades de cooperação mútua nesse sentido — disse, destacando o potencial de aproveitamento da biomassa brasileira para as metas de descarbonização da China até 2060.
Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília, colunista do Valor Econômico e consultor do Instituto Clima e Sociedade, observou que o Brasil está bem-posicionado para fazer parte de uma solução global para a economia de baixo carbono e destacou a sinergia com a China na transição energética.
— Além do capital natural e da abundância de recursos, o Brasil é atraente para investimentos também pelo baixo risco geopolítico — apontou.
Os painelistas destacaram também possibilidades de transferência de tecnologia no intercâmbio entre os dois países. Victor Zhang, especialista-chefe de energia da Huawei Digital Power, observou que o Nordeste brasileiro tem um grande potencial eólico e solar, e redes de transmissão de ultra alta tensão precisam de ajustes dinâmicos para manter a voltagem estável.
— Por isso, temos desenvolvido soluções de rede inteligente, de custo competitivo e podemos transferir essa tecnologia para ajudar o Brasil a fazer uma transição energética sustentável — disse.
Sun Tao, presidente do conselho da State Grid Brazil Holding, por sua vez, lembrou que a empresa está no Brasil desde 2010 e segue apostando no país, onde vem utilizando sua tecnologia de ultra alta tensão aplicada a redes de transmissão.
— Estamos atentos ao desenvolvimento da energia renovável e como vamos transportar essa energia dos principais centros de produção, no Nordeste, para os grandes centros consumidores, no Sudeste — disse Tao.
Para Li Yinsheng, presidente da estatal de geração de energia China Three Gorges International, o Brasil tem muitas hidrelétricas, mas a capacidade é limitada e o clima varia muito. Isso faz com que seja necessário aumentar a capacidade instalada, especialmente para fazer frente aos planos brasileiros de reindustrialização.
— A energia hidrelétrica pode ser uma opção, mas estamos fazendo pesquisas para desenvolver outras opções energéticas no Brasil — disse.
Li Sisheng, vice-presidente da Power China International, observou que as vantagens competitivas do Brasil em energias renováveis podem tornar o país atrativo para investimentos na área de tecnologia, mais especialmente, para a instalação de data centers, voltados à inteligência artificial.
— O desenvolvimento dessa tecnologia é muito intensivo no uso de energia, e o Brasil tem oferta abundante de fontes eólicas, solares, de biomassa e hidrogênio verde — enumerou.
O summit é uma realização da Editora Globo e do Valor Econômico, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio máster de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, governo do Estado de São Paulo, Portos Do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp.

Reprodução: O Globo





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